sexta-feira, setembro 15, 2006

Sobre Cinco Liberdades

Este é outro texto republicado.

A liberdade é uma necessidade básica dos seres humanos. Ela está associada à nossa necessidade de movimento.
E por que temos o instinto de movimento?
Porque para cumprirmos a determinação, também instintiva, de ficarmos vivos, precisamos comer, beber, fugir do calor ou do frio excessivo. E para levar mais adiante a sobrevivência da espécie, precisamos nos reproduzir. Mas, ainda temos outras necessidades instintivas básicas, como o amor, o poder e a diversão.

Quando não temos essas nossas necessidades satisfeitas num determinado lugar, então recebemos informação instintiva de nos movimentarmos para outro. Se não prestamos atenção à informação ou a ignoramos podemos até mesmo adoecer.

Num pequeno poema, Virginia Satir nos fala de outras liberdades, que eu ouso interpretar:

  1. Liberdade para ver e ouvir o que é, em vez de o que deveria ser, foi ou será.
    Tenho a impressão que aqui ela nos fala de sermos verdadeiros conosco e com os outros. De não falsearmos a realidade. De encararmos as coisas exatamente como são, sem romancearmos ou dourarmos a pílula. De não fantasiarmos sobre o que deveríamos ter sido. De não vivermos no passado, no que foi. De não vivermos no futuro, no que será. De vivermos aqui e agora.
  2. Liberdade de dizer o que se sente ou se pensa, em vez de o que deveria se sentir ou pensar.
    Penso que ela se refere basicamente ao nosso direito de expressão sem patrulhamentos de qualquer espécie, ideológica ou sentimental. Quantas vezes percebo que este direito é dos mais tolhidos nas relações sociais! Parece que vivemos numa sociedade em que esta liberdade é um crime. Parece que alguns pensamentos e sentimentos fazem parte do senso comum, como lei ou obrigatoriedade e todo aquele que não sentir assim ou pensar assim deve ser reprimido.
  3. Liberdade de sentir o que se sente, em vez de o que se precisa sentir.
    A padronização dos sentimentos parte do pressuposto que todas as pessoas devem ter a mesma reação perante os fatos. No entanto, devido à nossa história de vida, o nosso grau de cultura e aos nossos sentidos físicos com maior ou menor eficiência, somos muitíssimo diferentes, felizmente. Portanto, não precisamos sentir coisa alguma que esteja pré-estabelecida por regras de outras pessoas. Temos o direito à liberdade de sentir o que sentimos.
  4. Liberdade de perguntar o que se quer saber, em vez de esperar pela permissão.
    Vejo que existem pessoas que ficam ofendidas com perguntas. Talvez por não saberem a resposta. Nas escolas, os estudantes perguntadores são, em geral, mal vistos por alguns professores. Mas numa investigação a fundo, quase sempre se constata que o professor não é assim tão competente. Esta é a liberdade do saber, da Educação, do aprender.
  5. Liberdade de correr riscos por conta própria, em vez de escolher apenas a “segurança” de não virar o barco.
    Esta é a liberdade ameaçada quando convivemos com pessoas que pensam saber o que é bom para nós. Às vezes essas pessoas podem ser nossos pais ou nossos amigos. Às vezes são ditadores fascistas num comando. Quando queremos permanecer na “segurança” de não virar o barco, estagnamos. Correr riscos é inerente a estarmos vivos.

    Todo aquele que tentar tolher qualquer de nossas cinco liberdades é um tirano e merece a nossa indiferença...

5 comentários:

Anônimo disse...

grande Taba: muito boa a tua republicação. Não sei se conheço alguem que preencha estes requisitos, talvez tu, vou analisar.
Agora, que é dificil fazer, é.
Continua assim, que está cada vez melhor.

Aderbal

Anônimo disse...

acabei de ler um texto sobre felicidade... e todas as maneiras de liberdade me torna uma pessoa feliz...estás te superando a cada dia...Obrigada pelos ótimos textos que escreves... Bjs
Jorgana

esperanca disse...

Oi Tabá!
Interessasnte perceber que embora a liderdade nos leve a pensar no quanto somos aprisionados (por outros), nestas, as escolhas são nossas e assim, nós decidimos ou não por satisfazer essas necessidade vital. Questão de escolhas.

Te mando um abraço (arrodiado de música...)

Anônimo disse...

Buscar a satisfação dessas liberdades, levando em conta que vivemos em sociedade, aponta para o fato de que a liberdade em companhia pressupõe também o limite, pois precisamos aprender a usufruir desta liberdade em companhia... O "outro" é condicinante para a "minha" liberdade (este outro também livre)... assim, podemos concretizar uma trajetória feliz ao "ver e ouvir", "dizer", "sentir", "questionar" e "correr riscos"... promovendo que "o outro" também o faça. Pensar sobre liberdade faz muito bem, Tabá.
Grande beijo

Anônimo disse...

Para uma pessoa que estudava maneiras de "curar o microcósmo familiar", ela estava atacando a questão no cerne.
E fazendo um comparativo de tais afirmações com os preceitos das grandes religiões, a impressão que tenho é de que a doença e suas manifestações já possuem nomes.
Alguns imaginam um mundo caótico se desprovido de religião. Eu imagino um mundo bem mais pacífico, educado e evoluído.
Ao não perceber os próprios mecanismos de imortalidade biológica existentes em seu próprio corpo, o ser humano criou deus e as religiões. Uma vez que vislumbrou seu processo biológico de criação, destruição e perpetuação genética, o ser humano ainda prefere a comodidade das explicações falaciosas oferecidas por uma sabedoria criada e baseada em interesses bons e ruins de outros seres humanos, ao invés de admirar a sabedoria criada pela natureza.