
Aproveitando meus contatos mundiais (proporcionados pelo Orkut), fiz a seguinte pergunta aos meus amigos:
Por aí o País parou, bancos fecharam, comércio fechou, escolas fecharam, cidades ficaram às moscas, por causa da Copa do Mundo?".
As respostas obtidas estão aí abaixo...
Estados Unidos:
Copa do Mundo?? Que Copa??? O pessoal aqui mal sabia o que estava acontecendo...futebol realmente não é o esporte do Tio Sam! (Respondente 1)
Parou???? Que nada, nem eu consegui assistir todos os jogos! Os canais daqui são apáticos na narração de futebol, eles preferem basquete... O canal mexicano é escandaloso e vulgar, parecia comédia! Sábado depois do jogo trabalhamos até as 3 da madruga. E domingo viemos pra Uni... Hoje é feriado, 4 de julho... a Uni esta vazia (quase né! estamos aqui

Acho que ninguém deu muita bola a copa aqui nos EEUU não, tudo continuou funcionando principalmente a Universidade. Dificil até para ver alguns jogos. Teve canal que dedidiu passar Golf invés do último jogo do Brasil. Já os canais Mexicanos, parecem a Globo... Também eles sairam fora rapidinho da Copa... talvez se fossem até a final houvesse alguma manifestação. Já hoje, 4 de Julho ninguém nas ruas indo ao trabalho. Dos brasileiros, alemães e espanhóis que conheço, estava a maioria parando para ver os jogos. Foi uma pena o último jogo - acho que talvez faltou de motivação dos jogadores? Com tantas Copas nas costas, jogos na Europa, fama e dinheiro, que mais eles querem? (Respondente 3)
Japão:
Pois é... não o pais não pára no Japão (apesar da fé que eles tinham de que o Japão se sairia muito bem! a tv só falava em milagre. Que milagres acontecem, mas...). Muito pelo contrário... os jogos eram de madrugada e poucos assistiam quando era muito tarde. Alguns estádios passaram jogos nos telões e foi o maior sucesso. Mas jogos que eram de madrugadão, não eram passados por lá. Detalhe: eram proibidas bebidas alcóolicas nesses locais! hehehe... (Respondente 1)
Aqui no Japão nada mudou durante a Copa... Aqui o País só "fecha" no Ano Novo... Até Natal é um dia de trabalho normal!! (Já tive seminário dia 25 o dia todo...). Aqui não ligam muito prá futebol (não entendem muito). Eles são mais do baseball (mesmo assim não são tão fanáticos que nem a gente com futebol). (Respondente 2)
África do Sul:
Aqui na África do Sul tudo funcionou normalmente. É claro que as pessoas se juntam em pubs para assistir aos jogos, mas esses foram, em função do fuso horário, sempre à tardinha e à noite, portanto fora de horário comercial. E também não são todos os que dão bola para o soccer. São mais os negros, os coloured (mestiços) e nós, estrangeiros. Os brancos sul-africanos gostam mais de rugby...
Portugal:
Não, claro que não, embora muitos acompanhem os jogos e as vitórias sejam bastante comemoradas. Amanhã teremos a França pela frente. Há 31 anos que Portugal não vence a seleção francesa, mas acredito que, com o Scolari, iremos chegar à final! (Respondente 1)
Pois é, porque aqui estas coisas não aconteceram desta vez. Claro que há uns torcedores mais afoitos, que sairam do trabalho, não apareceram no laboratório, etc. Mas longe de ser um comportamento padrão. Mas conversando com um amigo, ele me disse que jogadas políticas, aumento de preços e coisas do gênero também costumam acontecer por aqui nestas épocas. Certa vez mudaram o primeiro ministro, quando o povo se deu por conta já era tarde.
Mas não sei, ainda acho que no Brasil isso parece mais sério (mas é apenas uma impressão, estou há muito pouco tempo aqui). (Respondente 2)
Ih Taba, vou voltar atrás do meu comentário anterior ... te mandei um e-mail com uma manchete: Lisboa fecha mais cedo para ver seleção nacional. Na verdade quando os tugas chegaram na semifinal eles também pararam tudo para torcer, na esperança de ver a "equipa" (porque time é americanizado, segundo eles) vencer. (Respondente 2)
Espanha:
Aqui em Barcelona não, porque com a tal rivalidade Catalunya x poder central, muitos catalães não torcem pela Espanha. Creio que em Madrid a coisa é mais forte. Mas se não param por isso te conto que tem muitos, mas muitos mais feriados religiosos do que nós, o que no frigir dos ovos vai dar no mesmo, isso que nós só paramos de quatro em quatro anos por isso!!!
Austrália:
Nada disso. Apesar da Austrália ter ido relativamente bem na Copa, aqui parece que nem está havendo nada... O forte daqui é rugby (tipo um futebol americano).
Canadá:
Aqui os caras não dão a menor bola prá futebol. Só foram uma vez à Copa. O negócio deles é hockei, mas não pararam ou fecharam nada por causa da grande final entre americanos e canadenses...
Inglaterra:
Para responder a tua pergunta: a loucura do futebol existe aqui também. É diferente, claro, porque o trabalho continua, mas todos falam dos jogos que gostam, jogos que não gostam, das decisões erradas dos juízes, da violência no campo, tudo isso... O meu chefe normalmente não tem interesse em futebol, ele prefere o rugby, mas nessas últimas semanas eu e ele falamos muito sobre os jogos de futebol, dos jogadores etc. As pessoas colocam bandeira de St George nas janelas, nos carros, nos ônibus e nos táxis também. Há muitas pessoas nas ruas com camisas de futebol... three lions on your shirt etc.
C.Q.D.
14 comentários:
muito boa idéia tabá! realmente há uma diferença muito grande de comportamentos...coisa interessante de se estudar!! beijos
Tabajara,
O povo brasileiro é especial mesmo. Tirando a bandidagem, com e sem gravata, resta um povo alegre e humilde. Imagina em que País do mundo as pessoas gastariam seus preciosos minutos para idolatrar gente como Galvão Bueno, Ronaldo Gordo, Trairinha Gaúcho, Roberto Carlos, Cafú, Zagalo, Parreira, Ricardo Teixeira, Faustão etc... ???
Vamos ver as coisas pelo lado bom. Já fui crítico dessa idolatria, principalmente logo que cheguei a Brasília, mas agora eu entendo e admiro essa gente que nada tem na vida, vou repetir NADA TEM NA VIDA.
Imagina você, voltando ao início da tua vida, e revivê-la assim:
-nascendo de parteira no barraco da vila;
-enfrentando todas as doenças existentes, fora a subnutrição;
-ver o pai beber e bater na mãe;
-estudar somente até a quarta série;
-não ter perspectiva profissional alguma, trabalhar apenas para subsistência;
-morrer sem ter tido um automóvel;
-nunca viajar para a Europa;
-nunca entrar num restaurante japonês;
-casar com uma pessoa com os mesmos problemas;
-frequentar filas em Hospitais;
-ir ao dentista somente para arrancar dentes;
-ter filhos que seguirão a mesma rotina de vida.
Com certeza o teu comportamento ante ao advento da Copa do Mundo seria o mesmo.
Pedrinho:
Exatamente por tudo o que falaste, não posso aceitar que quam administra os sistemas de saúde, educação e segurança, pare as atividades por causa de futebol...
Lá no Primeiro Mundo onde quase todos têm os benefícios que citaste, eles não param... Porque os administradores assim decidiram.
Oi Taba,
Adorei a idéia, tomei a liberdade de enviar tua pergunta para una amica italiana, vamos ver o que ela responde.
Achei as colocações do teu amigo Pedro muito sérias e infelizmente verdadeiras. Isso só acontece por que estas pessoas vivem uma realidade que eu denomino de Benefício da Ignorância, "eu ignoro logo nada me afeta, nada esta tão ruim, não conheço nada melhor". Coisas da terra brasilis.
Bem interessante, e obrigada para utilisando a minha resposta. Escrevi um blog sobre Portugal contra Inglaterra, se queres ler.
Mas, em compensação, NY pára pro desfile de St. Patrick, e o mundo (i.e., os EUA, of course!) idem na final do Super Bowl. Ou seja, é apenas uma questão de gosto. Somos mais criativos: paramos por mais motivos. He!he!
Ola, tutti voi (particulièrement M. Taba):
Interessante sua compilação da percepção das pessoas brasileiras (a maioria) pelo mundo vastomundo.
Mas... qui coisa séria, não é, este preconceito contra o futebol, ou contra os feriados, ou contra o gosto dos pobres, que, obviamente, só se interessam por uma certa diversão oferecida em massa, e gratuitamente (ou quase: pela TV) por que são pobres e, conseqüentemente, ignorantes ou manipulados (ja' que, hoje em dia, o PC [=politicamente corrrrrreto] nos impede de tachá-los de vagabundos, simplesmente).
O futebol, quando bem jogado, como qualquer outro esporte de equipe (sem desmerecer os individuais) mistura técnica e arte, exercício de habilidades corporais humaanas aprimoarads, projeção psicpológica da platéia sobre o atleta, consci~encia coletiva, expectativa e gozo (ou frustração, mas é isso, exatamente), enfim, microcosmo.
Eu também ja' tive maus olhos para o futebol, com essas justificativas, como de ser ópio do povo, e tal... Mas isso foi quando eu tinha 15 anos e era menos pessimista. Hoje, tenho 16, e não tenho mais ilusões: não tem sentido passar a vida só trabalhando, mesmo que seja o seu maior barato (nesse caso, há de significar uma certa insanidade), ainda mais, justamente, se você é pobre e só quem ganha é seu patrão! Daqui para o futuro, é preciso meter na cabeça uma coisa: só deve trabalhar quem quer trabalhar, não quem dependa do trabalho para não morrer de fome. A sociedade deve dar a TODOS condições de sobrevivência, quer o cara trabalhe, quer não. Assim, acabaria essa história de ´salário mínimo. Só poderia ser explorado quem fosse bem pago para tanto. Até na Universidade seria melhor contar nos Conselhos Superiores, por exemplo, só com quem quisesse participar deles.
Aliás, com a informatização e a automação, o emprego como se conhece, VAI DESAPARECER, e se não quisermos hordas de desempregados a nos assolar nossa porta de classes médias bem acomodados, temos que começar a pensar, sim, numa sociedade em que as máquinas relamente liberem o homem das tarefas penosas, e passemos todos para a vida criativa. Com ou sem metrópoles, com ou sem retorno ao campo, e até à selva.
Por isso, vivam os feriados, viva a Copa, viva o meio-expediente, viva o dulce farniente dei braziliani, viva a experiência de massa! Brazil: die zukunften land
"Quem visita o Brasil, não gosta de o deixar. De toda a parte deseja voltar para ele. Beleza é coisa rara e beleza perfeita é quase um sonho. O Rio, essa cidade soberba, torna-o realidade nas horas mais tristes. Não há cidade mais encantadora na terra.
" (Stefan Zweig, in Brasil, um páis do futuro.
Ricommendo una dosi de Domenico De Masi per tutti.
Saudazzioni.
Nesta Copa, inicialmente fiquei alheia, depois fui me imbuindo de desejo enlouquecido para que a seleção brasileira perdesse... quase apanhei em meio à "intensa alegria"... pudera que a decepção com a derrota proporcionasse reflexão sobre o "ópio".
Saudações "verde-amarelas"!!!!
Abração.
Fá
E vivam a diferenças...
Pao e circo.
Muito boa a discussao. E' essa mesmo a politica mais usada. Pao e circo. Para que gastar dinheiro pra melhorar saude, educacao, etc, se podemos distrair quem precisa com novelas, futebol e carnaval?
Oi Tabajara,
Legal teu blog e as discussões presentes nele. Já coloquei link pra ele lá no meu blog.(www.luisfranz.blogspot.com)
Quando puder, passa por lá. :-))
Abração!!
FRANZ
Tabá. Fecho com o Celso. Cada povo tem a sua cultura. Viva as diferenças. Viva o entretenimento. O mais importante é se ter liberdade para agir como bem se entende e criticar livremente o comprotamento dos outros, sem sofrer retaliações e patrulhamento. Eu pessoalmente não aprecio futebol, mas acho muito legal as pessoas se reunirem para ver uma partida de decisão. Comemoração coletiva, por exemplo, aproxima as pessoas. Faz com que elas exerçam seus afetos,emocionem-se. E essas experiências podem resultar em estímulo a outras ações coletivas em benefício da cidadania, da solidariedade e da fraternidade.
Oi taba, pelo visto os italianos estavam prevendo que iriam ganhar, dá uma lida na resposta da minha amiga:
Ciao, purtroppo non posso rispondere direttamente alla
domanda del tuo amico, perche mi trovo in Croazia e
quindi non ho visto le reazioni in Italia, ma secondo
quello che mi hanno detto gli amici, penso che in
effetti anche in Italia tutto il Paese si e fermato in
occasione delle partite
Un caro saluto e spero di sentirti prestoi !!!
Salutoni
Nicoletta
Não contrario o que tentas dizer sobre a "forma exagerada como a nossa cultura trata a seleção brasileira de Futebol".
As seleções masculina e feminina de volei, masculina e femina de basquete, a feminina de futebol, representam a Nação com igual ou maior esforço e dispõem de menor recurso e menor atenção.
Nas cidades, nos bairros habitados por brasileiros de melhor condições socioeconômica e sociocultural(minorias, não existem campinhos de futebol.
Nos bairros periféricos com predominância de moradores de um outro perfil, encontramos vários campinhos de futebol, com grande freqüência nas quatro estações do ano, com vento ou com chuva ou com sol.
À margem de alguns deste campinhos, encontraremos uma barraca (copa) sempre tem bebida alcoólica.
Troféus, camisetas para equipes, bola de jogo, muitas vezes, são presentes de vereadores.
Se perguntarmos sobre qualquer coisa que esteja fora da margem de seus caminhos cotidianos, a grande maioria não saberá do que se trata.
Esta é uma verdade construída, que deve permanecer para sossego de poucos, que muitos mais esclarecidos mesmo que gritem não serão ouvidos,
Pobre povo que assim se sente feliz.
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