Abaixo seguem frases ditas utilizando a Teoria do Estímulo-Resposta, onde um personagem quer obrigar o outro a proceder como ele quer e acha certo. Seguem-se alternativas que utilizam a Teoria da Escolha, onde um personagem dá margem de escolha ao outro.
Sei que é difícil livrar-se de uma cultura estabelecida no senso comum. Mas creio que não seja impossível.
Quem quer dominar ao outro, torna-se escravo dele...
Este texto já foi publicado anteriormente.
- Quantas vezes eu tenho que te dizer? A hora de ir para a cama é às 9 horas! É sem televisão amanhã para ti, se não fores para a cama agora mesmo!
- Alternativa: Desde que tu fiques quieto e não perturbes as pessoas, podes ir para a cama só quando tiveres sono. Mas... antes que eu fique muito sonolento ... queres que eu te leia uma história?
- Sai desse telefone agora mesmo! Estou falando sério! Estou decidido não te deixar usar mais o telefone depois do jantar!!
- Alternativa: As coisas com o telefone não estão funcionando bem. Ninguém consegue falar direito. Vovó disse que tentou ligar por quase três horas na noite passada. Estou querendo conseguir uma outra linha para nós. Enquanto isso, preciso que tu cooperes. Será que podes ajudar?
- Esse teu quarto está um chiqueiro! Limpa isso ou não vais sair no fim de semana!
- Alternativa: Olha, estou chegando num ponto em que tudo que eu quero é que tu mantenhas fechada a porta do teu quarto. Vou ser honesto contigo: gostaria que tu limpasses o teu quarto - isso me incomoda. Se quiseres alguma ajuda, me pede e eu vou ficar feliz em te ajudar. Mas eu não vou limpar mais o quarto por ti.
- Não dá para ir de camisa esporte numa festa como essa! Pareces um vagabundo e me deixas envergonhada! Tens que pôr camisa social e gravata!
- Alternativa: Querido, eu sei que tu odeias ficar desconfortável, mas essa festa é bem formal... Que tal usares aquela gravata nova com aquela camisa azul que tu pouco usas? Tu ficas um gato com ela!
- Tu nunca paras em casa! É só trabalho, trabalho, trabalho. Olha, é só trabalho, trabalho, trabalho para mim também. O marido da Dóris é igual a ti. Ela me convidou para sair. Eu não quero, mas estou precisando de amor e atenção. Que mais eu vou fazer para conseguir isso?
- Alternativa: Eu entendo que tu tenhas que trabalhar. Eu aprecio o fato de que a gente tenha dinheiro suficiente para levar a vida que levamos. Mas sinto falta de ti, sinto falta de diversão, sinto falta de coisas que não estou conseguindo com este casamento. Quero conversar e ser amada. Que tal a gente reservar as noites de quarta para nós? Eu consigo alguém para cuidar das crianças e a gente pode sair para conversar. Não é por mim nem por ti, é pelo nosso casamento.
- Já chega! Eu disse para vocês sentarem e fazerem as tarefas... OK, vocês pediram: hoje não tem recreio!
- Alternativa: Meninos e meninas: vamos ouvir mais um pouco da música que vocês gostaram tanto ontem. E depois, vamos sentar nos seus lugares e resolver os problemas de matemática. Lembrem-se, se vocês empacarem, é só levantar a mão e eu irei ajudar!
- Vou te dizer uma coisa, João, vais sentar sozinho e isolado o resto do ano. Vamos ver se assim tu paras de incomodar todo mundo!
- Alternativa: Já estou cansado de te punir, João... Decidi que quero ser teu amigo. Acho que tu estás precisando de amigos... Eu tenho um tempinho hoje de tarde. Se quiseres, aparece na minha sala para gente conversar sobre amizade. Gostaria de te conhecer melhor.
Do livro:
Glasser, W & Glasser, C. The language of Choice Theory. New York : HarperPerennial, 1999.
6 comentários:
Puxa, que auto-controle...
Será bom quando todos conseguirmos agir assim. Mas isso envolve tanta coisa, bem estar, tranquilidade, saúde, EDUCAÇAO, amor (pelos outros e pela sua funçao de mae, pai, professor, marido, mulher).
Esses dias uma colega aqui do Canadá estava relembrando com saudade dos tempos que amamentava seus filhos. Foram 2 anos, porque ela achou que seria o tempo ideal para a saúde dos filhos, ambos (mae e filho) amavam aquele momento. Um dia antes de cada um dos meninos completarem 2 anos ela os chamou para conversar (isso mesmo, os pequenos) e disse "amanha tu vais completar 2 anos, vais ficar um pouco mais velho e nao precisas mais do leite da mae, entao a partir de amanha tu terás sempre que quiseres o colo da mae, mas leite agora será como os meninos mais velhos e nao no peito da mae..." E como mágica os filhos nao reclamaram a falta do tao amado momento do aleitamento. Achei meio balela esse papo com as crianças, mas quando conheci os meninos (agora com 4 e 7 anos) e vi o modo com que ela conversa com eles, com respeito e delicadeza, sem gritos ou chantagens, achei incrível e vi que nao era mágica. Mae feliz e educada, filhos felizes e educados.
Me lembro de essa teoria de escolha. Adjudou-me muito nas epocas mas na minha vida. Agora estou tentando de ajudar outra pessoa bem preciosa para utilisar esta teoria. Nao e facil, mas espero que vou conseguir eventualmente.
Grasi:
Não é auto-controle,eu acho. É respeito pelo outro. Não querermos fazer escolhas pelos outros é quetão de respeito. Olha que essa mãe canadense ajudou os filhos a compreenderem a ela e a respeitarem.
Quanto a falar com os pequenos...já disse aqui que falo até com os gatos e cachorros...coswtumo falar com as crianças como se compreendessem... e compreendem...
Sally:
Espero que consigas ajudar essa pessoa preciosa.Recomenda que ela mesma leia o livro do Glasser.
Oi Tabá.
Tenho conversado com meus alunos sobre a Teoria da Escolha. Tem sido bem interessasnte e já preparamos até um grupo de estudo. A gurizada que está no último ano do ensino médio vê suas vidas serem bifurcadas no final do ano. Tenho procurado ajudá-los, com a Teoria, nas suas escolhas. Tem sido muito interessasnte.
Teu livro vem sendo usado como base.
Abraço.
Como seria interessante que fossemos sempre educados dentro da otica da teoria da escolha. se toda nossa formação como pessoa e como profissional fosse assim tenho certeza que seriamos bem mais felizes.
Desde que li o livro apos te ouvir falar sobre essa teoria muita coisa mudou na minha vida pessoal e profissional... mas tenho certeza que tenho muito a aprender ainda
Um abraço!!!
Não se trata mesmo de eufumismos. Realmente as alternativas trazem alternativa. Há que ser generoso para oferecer a disjunção.
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