sábado, março 11, 2006

Redassão sobre séquisso

Falá de séquisso prá mim é bem fácil. Eu sei o que é. Séquisso é aquilo que a minha mãe e o meu pai tem. Ela tem pinto, não não, ela tem piriquita e meu pai é quem tem pinto. A gente chama isso de séquisso das pessoa. Minha mãe briga com meu pai porque eles tem séquisso diferente. Ela diz pra ele que o séquisso dele não vale nada. Que os homi são tudo uns canalia. Ele diz que as mulié são inxerida e burra. Ela diz que pelo menos elas não precisam de Viagra como ele. Viagra eu sei o que é. É umas pastilha azul que meu pai esconde no armário do banheiro, mas eu já vi. Ele bota alto prá mim não tomá mas eu vi e sei prá que é que serve. Ele toma aquelas pastilha prá judiá da minha mãe. Ele toma aquilo e se encerra com ela no quarto e judia da coitada que geme e chora. Minha mãe diz que eu não devo dizê judiá, porque o Arnaldo meu amigo é judeu. Mas ele mesmo diz e eu não tô nem ai, se ele diz eu posso dizê. Logo dispois ela briga com ele, com o meu pai, quando sai do quarto com a cara vermelha e diz que as mulié são uns herói que tem que trabalhá como os homi, ganhá menos e ainda ficá grávida e tê nene, arrumá a casa, i no suprimercado, inda dórmi com eles que ronca e fede. Eu acho as mulié muito mais bonita que os homi. Minha mãe pelo menos é – e a fessora tambem. Não entendo porque minha mãe fica furiosa com meu pai quando ele faz xixi dimpé e suja a tauba do vazo. Ele vai fazê xixi como? Homi faz dimpé, mulié é quem faz sentado. Se eu sentá prá fazê xixi os guri vão me chamá de boiola. Minha mãe diz que os homi são uns imprestavel e que tem é que sê mesmo mandado prá guerra, por causa de que não fazem falta nenhuma. Mas de mim ela gosta e eu sô homi. Ela diz que mulié é muito milhór por causa que elas não fica quereca e não tem que fazê ezame de prosta. Ela dá risada e mostra um dedo prá ele. Não entendi nunca o que é essa prosta, mas parece que esses ezame só os homi tem que fazê de vez em quando. Tô lôco prá fazê logo o meu. Ele diz que vai chutá os ovário dela qualquer dia. Ela diz que chuta o saco dele de volta. E que vai doer muito mais, por causa que ele nem pode cruzá as perna como ela sem doê o saco. Ela diz que se ela arranjá um amante ele vai ser chamado de corno e se ele arranjar uma amante ela vai tirar o dinheiro todo dele, inda todo mundo vai ficá com pena dela. Amante eu sei o que é. É uma mulié qui meu pai vai visitá de vez em quando e que tambem coitada sofre com o Viagra que ele leva no bolso que eu vi. Meu pai fica reunido com os amigo aos domingo falando de futebol e sacanage e minha mãe tem que trazê cerveja, cozinhá, cuidá dos filho e eles fica na frente da TV vendo jogo e faustão e silviossantos e biguibroder, dando risada com a boca cheia de salchichão, e depois ele ainda judia dela no quarto de noite, mas isso eu já falei. Acho que meu pai tem ciúme de mim por causa de que minha mãe me faz cafuné, cosquinha e mim dá sorvete e prá ele ela não faz nada disso. Ele é bem legal comigo quando não tá com os amigo e me leva prá passeá, me compra xiclete que minha mãe não deixa e nois vamo jogá computador na casa do Zé Filguera, um gordão bigodudo que é amigo dele. Eles joga parelio comigo e eu ganho sempre. Depois nóis ficamo vendo mulié pelada na Internet. O Zé é rico e trabalha na Furgui. As mulié pelada são bem diferente das mulié vestida e elas se sentam pelada diferente dos que sentam vestida com as perna bem escancarada. Cada peitão que elas tem. Mas meu pai diz que é tudo siliconde, que si furá derrete tudo. Meu pai diz que não é prá contá prá minha mãe que nóis tava vendo mulié pelada e eu não conto mesmo. Por causa de que minha mãe me pediu prá não contá prá ele que ela e as amiga fica vendo homi pelado na Internet na casa da Ane que é casada com o Zé. Mas homi pelado é muito feio não sei que graça elas acha de ficá olhando pruns gorila guspido e esgarrado, como diz a minha vó. Minha vó tambem é mulié como minha mãe e senta o pau no meu vô. Diz prá ele que ele é facão na direção e que ela nunca bateu o fuca que eles tem. Acho que isso é o que meu vô chama de guerra do séquisso. Ele diz que os homi é que merecia um dia internacional, apesar de que ele é gremista doente. A redassão termina aqui e espero que fessora me dê nota boa e eu não conto que ela vai na casa da Ane tambem.

Obs.: Este freudiano texto é dedicado às minhas amigas que comemoraram dia 08 de março o Dia Internacional da Mulher. E também àquelas que se recusaram a comemorar por considerarem como discriminação, porque acreditam que todos os dias sejam delas, entre os quais incluo a que vive comigo, perto de quem me sinto criança.

13 comentários:

esperanca disse...

Oi Tabá!

Também vale mandar uma saudação especial para as "fessiras" que como eu protestam em GREVE pela falta de consideração com a nossa Educação.

Grande abraço.

esperanca disse...

...quero dizer: "fessoras".

Anônimo disse...

Fabiana Mendizabal

Olá Tabajara, teu "pupilo" me passou o teu blog, que por sinal já está na minha lista de favoritos =]
Desde a época da faculdade ele e a Cris me passavam teus textos, posso dizer que sou uma fã anônima hehehehe
Adorei o texto, está divertidissimo. Parabéns pelo Blog!!!
Um abraço

Anônimo disse...

hahaha
Só tu mesmo! O pior de tudo é que nos dias de hoje não tem nada de incomum uma criança escrever desse modo até bem tarde, tendo em vista que a escola moderna e construtivista tem sido bastante permissiva... Ainda bem que ainda existem escolas mais conservadoras e pais "cricris" que ainda sabem escrever e corrigem seus filhos... Se não fosse assim e com a era da "comunicação virtual breve e rápida" em pouco tempo o que resta da nossa língua se tornaria um verdadeiro novo "dissionario" resumido a uns poucos grunhidos e símbolos, hahahaah
bjos

E quanto ao dia Internacional da Mulher só penso ser um dia prá pensarmos que realmente TODOS DIAS SÃO NOSSOS DIAS!

Anônimo disse...

Ontem garimpei teu blog, Tabajara. Já comentei que virou rotina "te" ler? Decepção: não tinha "um novo". Então reli os anteriores com olhos de descoberta.
E hoje deparo-me com sexo (ops!). Data controvertida esta - 8/março -pois mexe com nossas inquietações: comemorar? reivindicar? apanhar as armas? acolher o abraço? incitar a crítica? reinventar o agora? hastear bandeira? negligenciar o buquê de flores? partir pro ataque?
Atitude que poderá deflagrar-se depois da "tripla jornada de trabalho"... é claro... ou em sendo esta negligenciada (o que é prazeroso!)
Na escola, vivi duas situações deveras interessantes: um artigo no mural intitulado "Porque não cumprimento as mulheres no dia oito", feito por um colega que expôs: a luta deve ser diária e o reconhecimento desta também, não há o que comemorar, "vocês" são usadas pelo capitalismo, etc, etc, etc - e outro colega que quase partiu pro tapa porque na conversa regada a cafezinho matinal, uma das nossas (dessa espécie que todo mês sangra) solicitava o abraço dos e das que chegavam, inspirando comemoração.
No micro, em menos de 15 minutos, no dia oito de março... travamos grande batalha! E dizem que nossa luta não está posta politicamente!
Quem melhor que "nós" para saber das dores, das contradições, das conquistas e desafios, de que esta luta é histórica, que o neoliberalismo é o verdadeiro inimigo - não só das mulheres, mas dos homens - de qualquer terráqueo?!
Vivemos resistência já no útero, dos singelos raios da manhã ao acalanto da noite; tanto podemos impunhar a luva de boxe como flores em buquê ou fazer um carinho... Será possível ao mundo, não só masculino, acolher o fato de que nossa luta é presente, que é diária... que por vezes não queremos queimar sutiãs (fundamental num momento histórico) mas usá-los?
Com lingirie ou sem lingirie a luta continua em espiral: temos e mostramos coragem, temos e mostramos medos, temos e vertemos lágrimas, valorizamos e queremos o buquê de flores, somos e temos sexo, queremos e damos o abraço, acolhemos e cuidamos, enfezamos e partimos pra briga:
Construindo poder a partir das fragilidades, ressignificando o presente, vislumbrando... continuamos tecendo essa história.
De caras como tu, Taba - "o menino da Cleuza" - é uma puta honra receber a homenagem. Te abraço com amor.

Anônimo disse...

É porisso que a musiquinha diz que é dos querecas que elas gostam mais.
Inteligente,sutil e difícil de escrever esta redassão tá sensassional.
Um abraço
Altmayer

Anônimo disse...

Primão,

Isto tá com cara de HISTÓRIA DA VIDA REAL. Decifre-a.

Anônimo disse...

Acho que a prof não vai dar boa nota pelo "purtugueis", mas se eu tiver que dar nota seria a maxima. Esta muito divertida, assim como voce normalmente é.

Saudações,

Luis Poersch

Anônimo disse...

Sem mais palavras para descrever senão: FANTÁSTICO!!!!!
Genial mesmo...
Abração!!!

Anônimo disse...

Muito bom dindo!! Essa criança vai longe!!

Anônimo disse...

fessor, seus textos são uma delícia, um grande abraço,
Deisi
Ps: só lembro da data pela mídia .

Anônimo disse...

Tabá querido:
Além de divertidos e inteligentes, teus textos vão ao x da questão, com a "Redassão sobre séquisso", te superaste. Parabéns. Beijão

Anônimo disse...

Amigo Tabajara

Não há como ficar no "sério" ao ler um artigo como este. Parabéns !

Theodoro