sexta-feira, outubro 06, 2006

Receita para os cinco sentidos

Primeiro: a visão.

A visão é um dos sentidos que mais utilizamos. Com este sentido vemos as formas, as cores, os tamanhos e aprendemos sobre o mundo. Quando pequenos nos fascinam os brinquedos coloridos, com formas diferentes. Ursos de pelúcia com tamanhos enormes nos deixam excitados. Aprendemos muito brincando com peças de madeira para encaixe. Hoje em dia aprendemos a prestar bastante atenção em informações visuais através do computador, com programas muito coloridos e visuais.
Outra forma de desenvolver o sentido da visão e aumentar o potencial de aprendizado, recebendo as informações visuais que nos chegam, é apreciar a pintura, o desenho, a escultura, as instalações artísticas, as histórias em quadrinhos, o cinema. Essa forma, além de estimular a capacidade de enxergar melhor, de comparar, de perceber detalhes, ainda vai sensibilizando-nos o espírito, quando tentamos entender o significado da obra apreciada, quando tentamos nos comunicar com o artista.
Se apurarmos a nossa acuidade visual, poderemos ter mais sucesso como profissionais, além de sermos melhores seres humanos e, portanto, aumentarmos a nossa chance de sobreviver.

Segundo: a audição.

Passamos a maior parte do tempo ouvindo pessoas, falando com elas, distinguindo tons de voz, leves irritações, disfarçados elogios, com a intenção de compreender o outro. Ainda temos que prestar atenção auditiva à nossa própria voz, para verificar se estamos utilizando o tom certo, a elevação certa, a sonoridade coerente. É fundamental que tenhamos percepção de determinados ruídos para garantirmos a nossa sobrevivência. Só baixamos a guarda auditiva quando estamos dormindo, mesmo assim não a anulamos, ficamos em estado de alerta mínimo. Fechamos o sentido da visão e pouco percebemos através do tato quando estamos no sono. É a audição que parece permanecer vigiando.
Os brinquedos infantis auditivos são menos comuns que os visuais. Temos bonecos falantes, discos de ciranda, filmes infantis, desenhos animados.
Outra forma de continuar desenvolvendo o importante sentido da audição, aprimorando-o constantemente, é desenvolver o gosto pela música. Esta forma de estímulo permite o exercício da audição e, não menos importante, o da sensibilidade, o do espírito. Há quem diga ainda que a música é a forma de comunicação mais universal. Tentar entender uma obra musical é um exercício com benefícios humanos e sociais, que nos aprimora como profissionais em qualquer área e, portanto, aumenta a nossa chance de sobreviver.
Filmes musicais têm a capacidade de exercitar, ao mesmo tempo, a visão e a audição. Apreciá-los é vantajoso.

Terceiro: o tato.

A pele é o maior órgão do corpo humano. Temos, ao que consta, uma enorme quantidade de sensores para exercer o tato com qualquer parte do corpo, um pouco menos no cotovelo, um pouco mais em outros lugares. Quando abraçamos alguém, recebemos uma quantidade imensa de informações, rapidamente processadas e entendidas intuitivamente. O toque pessoal é uma forma preciosa de comunicação. Compreendemos o outro e expressamos amor e amizade. Com o tato somos capazes de perceber superfícies afiadas, escorregadias, salientes, perigosas e também as superfícies macias, firmes, sólidas e seguras.
Quando crianças, nós desenvolvemos o sentido do tato antes de qualquer outro, quando somos amamentados. Não enxergamos bem ainda, nem ouvimos com eficiência, mas já sentimos a dor da aspereza e o prazer da maciez. Brincamos muito com o tato, apalpando objetos, encaixando formas. Podemos desenvolver o tato se atentarmos para apreciar as texturas, se fizermos trabalhos manuais, se criarmos obras de expressão artística, através da escultura e das instalações. No entanto, a melhor forma ainda é o contato humano. Desenvolvendo o tato, aumentamos a nossa humanidade, aprimoramos nossa capacidade profissional e, portanto, aumentamos a nossa chance de sobreviver.

Quarto: o paladar.

O paladar não é um sentido muito utilizado na comunicação humana, porém parece ser o último que perdemos com a idade e o primeiro que desenvolvemos com eficiência ao nascer. É o paladar que nos avisa do prazer do bom alimento ou do perigo dos venenos. Não há necessidade de explicar da importância dele. Somos apreciadores de temperos, de sutilezas gustativas. Mesmo assim, podemos aprimorar este sentido numa expressão humana importante, chamada gastronomia. Podemos aprender a apreciar combinações alimentares estranhas e ofertas de comer peixe cru, por exemplo. O vinho é uma bebida interessante enquanto mexe com os sentidos, pelas nuances de cor, dos aromas sutis, do corpo dentro da boca e do gosto, é claro. A degustação de bebidas e alimentos, a troca de opiniões são exercícios importantes para aprimorar este sentido, o que nos dá maior percepção do mundo

Quinto: o olfato.

Não há muitos brinquedos que utilizem o estímulo olfativo e o olfato tem importância praticamente intuitiva na comunicação humana. Os cheiros do outro são percebidos de forma, sobretudo, inconsciente. Este sentido vem sendo diminuído para os humanos, ao longo da evolução, apesar da importância que tem. Exercícios podem ser praticados com a arte da perfumaria e há formas de exercitar o olfato se prestarmos mais atenção aos odores que nos cercam, como, por exemplo, saber se o café que está sendo servido já vem açucarado ou não. Consta que nós somos capazes de detectar intuitivamente substâncias indicadoras de compatibilidade social e sexual. Usamos o olfato perceber substâncias nocivas ou vitais, porém a poluição atmosférica deve estar prejudicando este nosso sentido. O olfato é essencial para nossa sobrevivência e podemos precisar dele humana e profissionalmente.

Enfim, o resumo da receita é: perceber que os nossos sentidos são a nossa porta de comunicação com o mundo que nos cerca, valorizá-los e exercitá-los, sempre que possível, de preferência usando a melhor forma de exercício: a Arte.

3 comentários:

Anônimo disse...

Sim, neste sentido uma parte do mundo está em nós. Podemos tanto enriquecê-lo como empobrecê-lo, dependendo de nossa atitude. É legal enfatizar a necessidade de exercício, porque muitas pessoas acham p. ex. que fulano "nasceu com ouvido", mas assim como podemos exercitar nosso braço até que fique musculoso, podemos também exercitar nossos sentidos até que deixemos de ver "um monte de borrões".

esperanca disse...

Sim! concordo contigo Tabá, e concordo com o Eduardo também. Tudo é uma questão de querer aprender. Curiosidade nos sentidos, o que cada coisa, sensação, cheiro, toque está querendo nos dizer. Isso sim é viver.

Aproveito para convidar aos amigos para apreciarem as artes que meus alunos andaram aprontando:

http://martematica-esperanca.blogspot.com

Agradeço comentários.

Abraço!

Anônimo disse...

Hi, Tabajara! Long time no see!!! Tenho a tua permissão para fazer cópiaa desse texto sobre os sentidos para anexar ao livro do Rubem Alves (Educação dos SEntidos e Mais...)que empresto para pessoas que sinto estarem precisando ler sobre o tema???? Tua contribuição é muito pertinente. Agradeço tua ajuda!!! Posso copiar? Um abraçao para ti e Cleuza!
Lígia