quarta-feira, fevereiro 13, 2013

Da qualidade das tatuagens

Em debate (de novo) ou mexendo em abelheiro.

Não discuto o prazer das pessoas. Como poderia?

Creio, no entanto, que o "gosto", o "bom gosto" e o "mau gosto" (sim, legendas da internet, o antônimo de bom é MAU) possuem componentes de conhecimento aprimorado, que provém da experimentação.

Se dizes que gostas dos Vinhos Canção, não discuto o teu prazer, mas a tua falta de conhecimento de outros vinhos, na minha opinião, melhores. Quando dizes que esse vinho é bom, isso pressupõe uma comparação. Ora, como costumo experimentar vinhos, posso fazer muitas comparações. E a tua afirmação é uma sugestão que eu deva beber esse vinho. Eu discuto que já experimentei vinhos que me proporcionaram muito mais prazer. Gosto, portanto, se discute. Não se discute é prazer.

Quando uma pessoa resolve fazer tatuagem, toma uma decisão radical, porque praticamente permanente, quase indelével, de modificação visual do seu corpo para o resto da existência. É um momento importante para ser tratado levianamente, a meu ver.

Em geral, percebo desenhos e cores de bastante mau gosto (no conceito anterior) nas tatuagens, feitas aparentemente por leigos na arte visual. Sim, já encontrei algumas bem feitas, significativas e de bom gosto. Não sou contra que as pessoas se tatuem. Como poderia? Mas deploro a qualidade artística da maioria dos tatuadores.

Torço para que os artistas de qualidade de comovam e entrem para o ramo da tatuagem. Eu ficaria tentado a ser tatuado pelo Salvador Dali, artista que admiro muito.

Este é um assunto espinhoso, sei, uma vez que os tatuados já estão tatuados e pouco podem fazer quanto a isso. Esta seria uma crítica inútil a eles. Ela se refere aos tatuadores. Por favor, antes de se arvorarem a desenhar em material tão nobre quanto o corpo humano, que tal passar por um curso de arte?

P.S.: A menina de ontem, na fila do banco, musa deste texto, trazia desenhada em sua nobre coluna cervical uma horrorosa e infantil boneca, que bem poderia ter sido feita por mim, confesso analfabeto gráfico. Ela dificilmente aprecia essa "obra de arte", mas eu sou obrigado?!

P.P.S.: Meu caro amigo Celso Luiz Lopes Rodrigues um dia argumentou comigo, em favor das tatuagens, que os indígenas se tatuavam. Acho que ele tinha parcial razão no que dizia, tanto que levei uns dez anos para retrucar (hoje): mas os indígenas davam significado às suas tatuagens, seus desenhos e suas cores, fosse significado tribal, fosse simbólico. Eles não se tatuavam sem pensar, por impulso ou modismo, acho.

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