sexta-feira, junho 29, 2007

Zona do Sossego


Prezado Amigo Blá-Blá-Blá:

Mando notícias aqui de Pelotas.

Não te escrevi mais por conta do trabalho. Quando chega a noite não tenho vontade de pegar na caneta e no papel de tão cansado. Às vez escrevo, mas acabo nem colocando a carta no Correio, pois as notícias são sem graça, tamanha é a rotina diária que vivemos.

A patroa continua fazendo seus biscates, cozinhando para fora, fazendo concorrência com a Dona Narola. Zé Leandro, teu afilhado, continua estudando no colégio, mas não passa de ano nunca, sempre toma pau em matemática e diz que a professora é que persegue ele. Mas nunca vejo ele estudando. Vive saindo com os amigos, tomando cerveja Calsbergue com o dinheiro da mãe, fumando uns mata-ratos Continental escondido (eta cigarrinho ruim) e andando de bicicleta. Ele namora todas as empregadas da vizinhança, o safado. Mas tu sabe que o guri é meio burro mesmo.

Eu abandonei a Maria Amália. A patroa descobriu e deu um cu-de-boi desgraçado. Foi uma lambança dos diabos. Minha sogra se meteu, querendo que a Abigail se separasse de mim. Mas acabou que a Abigail, que é de faca na bota, deu uns pescoções na Maria Amália e ficou tudo por isso mesmo, só deixou a coitada toda lanhada. Foi até bom, porque já não estava mais em condições de sustentar duas mulheres. Não estou dizendo que eu não dê mais no couro, mas o dinheiro é que estava ficando curto. O guri que eu tive com a Maria Amália já começava a dar despesa.

O outro meu filho, o Osmarino, que tu chamavas de Trinta e Dois, depois que ele fez 32 erros num ditado de português (te lembra?) agora é que começou a trabalhar na loja Velocino Torres. Saiu da Confeitaria Nogueira depois que descobriram aquele esquema dos doces que ele trazia para vender na vizinhança. Agora ele traz é uns cortes de fazenda muito bons para vender, todas as semanas.

Dos nossos amigos lá da Zona do Sossego tenho visto muito é o Hugo Sabugo. Ele vende revistas na rodoviária. Ainda continua cheio de tiques, apertando os cantos dos dedos e contando os quadrinhos de cada página dos gibis. O primo dele o Faísca, é que parece que faleceu. Era feio o desgraçado!...Te lembra daquela vez que o Hugo foi expulso do Cinema Capitólio porque estava agarrando uma mulher? Bah! Que vexame! Eu nem queria mais ir ao centro com ele! Me lembro que a gente tinha ido ver um filme, com o Xalton Eston e o Roberto Mitiscúm. Trabalhavam bem esses dois. Agora nem tenho ido mais ao cinema. Muito caro. Fico vendo novela com a patroa na tevê.

Outro que eu encontro de vez em quando é o Mabuze! Ele virou biólogo. Continua aloprado. Te lembra que ele nos dizia que tinha aberto umas bactérias em casa? Tá rico. Sempre foi. O pai dele era dono da Padaria Industrial e eles comiam no Galeto Cambruzzi. A gente comia era bauru no Bife Sujo. E fiado! E ainda ficava vendo desenho do Udi-udi numa tela que tinha na esquina do Aquário, de sapato Maria-Mole. Tempo bom! A gente não tinha dinheiro nem pra lustrar o sapato. Tinha que roubar Zezo no supermercado.

Quando eu deixei aquele negócio de contrabando de calça Lee, que me dava uma boa renda, acabei virando inspetor no Colégio Pelotense e estou lá até hoje. Isso no tempo que calça Lee era melhor que Brim Coringa. Agora todo mundo compra calça até o supermercado. O que tá dando agora é vender droga, mas isso eu não me meto. É muita rafuagem. Coisa de chinelão.

Espero que tu tenha resolvido o teu problema do imbigo e tejas melhor de saúde. Vamos ver se a gente se encontra pra tomar umas cachaça com mandiopan.

Se tu encontrar o Culéco, diz pra ele aparecer.

Abraços

Zé Bronha.

5 comentários:

Anônimo disse...

Amigo José Bronha,

Recebi ainda ogi a tua cartinha e vou responder.

Desculpe se te chamo pelo primeiro nome de José, porque faz tanto tempo que a gente não se ve que perdi a intimidade.

Por isto amigo José Bronha foi com lágrimas no olhos que relembrei aqueles tempos. Nem sei mais se te lembras do Ademare e do Ademire. Pois é.

Depois que saí aí da zona do sossego me amiguei com a baixinha da Cerquinha, e não é que ela me corneou com o Cabano? Te lembras do Cabano, aquele que tinha uns orelhões tipo o Macaco Dumbo do cinema, dos filmes do Valter Disnei?

E do Nanico te lembras? Aquele que dava cocovis na cabeça da gente.

Parece até que foi ontem, quando ainda vejo a prima Vera cantando Coimbra; Coiiiiiimbra dos Choooooopppaaaaaaiiiiis ainda eis capital. Que voz, podia estar cantando na rádio, se não tivesse casado com aquele desamantes das artes cantantes que nunca mais deixou ela cantar. Aí é que eu penso: quantos talentos morreram na casca , castrados por maridos que não entendiam do bel canto? Me responde. Poderíamos agora estar ouvindo uma Quiri T. Canaua, esta que vai se apresentar na capital no outro dia. Como eu digo sempre a gente podia estar em casa ouvindo uma cantora desta, sem precisar gastar um dinheirão para ir no teatro.

E te lembras de trocar gibi no cineteatroavenida? Conde Drácula, Pernalonga, O Zorro, Roi Roges, Réquis Alem e muitos outros, mas quem eu acho que trabalhava melhor nos gibis era o pato Dono e depois mas muito longe o Tom e Jerri.

Outro dia ainda tavamos falando com a Paraguaia Véia e tudos isto me veio nas idéias. Mas são tempos que não voltam porque senão já tinham voltado, não é?

E assim a gente vai vivendo, dos imbigo fiqueim bom , mas em compensação peguei umas hemorroida que vou té contar. Tem gente que fala mal de quem tem isto, até com coisas que atentam contra a honra das pessoas, mas a minha , te juro, peguei foi porque sentei na pedra quente.

Aqui me despeço mui atenciosamente,

Do velho amigo, BBB (nesta te peguei, porque pensaste que era este bigui brode brazil que passa na televisão, não sei se assistes) mas não é, é Bla Bla Bla.

Candy Devilla disse...

Zé da Bronha...

A quantos anos nós não se vê... Recebi o recado pelo nosso amigo Blá-Blá-Blá por acaso,tava de passagem lá pelas bandas dele. É que agora eu to morando no Paraná, cidade onde nasceu a muié que eu ajuntei os trapo, a Marizelda, aquela que me deu uma surra de vara de marmelo por que roubei umas goiaba do pomar dela. Quando eu arresolvi ir pra lá, não foi pra agradar a Marizelda e sim por que disseram pra mim que lá tem muié bunita pra chuchu. Grande mentira! Fui parar em Paranaguá onde só tem china feia...

E pra variar to trabalhando cuidando de uma casa, como sempre. Eu e a muié fiquemo na casinha menor, a dos fundos, mas quando a patroa num tá nóis entra e faz a festa! Cumemo do bão e do melhor e inté dormimo na cama dela! É claro que a Marizelda dexa a casa num brinco pra patroa não perceber. A patroa é uma daquelas dexada do marido, mas ela no fundo parece ser uma pessoa boa.

Tu deve tá te perguntando por que até hoje eu num tive filho. É que a Marizeda é histérica, não pode embuxar. Tudo isso aconteceu quando ela ficou prenhe de um sem-vergonha cafetão lá da boca que a irmã dela trabalhava... A coitadinha da Marizelda tentou desembuxar a criança tomando chá que a vizinha ensinou, mas não deu muito certo. Aí ela precuro um doutor especialista em desembuxar, e desenbuxo a criança, mas deu um monte de pobrema e fico sem poder ter filho, ficou histérica. Eu devo ter uns bacuri espalhado por ai, do tempo que eu roubava goiaba da casa dela, mas ninguem veio reclamar e então fica por isso mesmo.

Aproveitando a carta, tu ainda tá lembrado que tais me devendo uns pila? Como tu já sabes o meu endereço, aguardo uma carta com o referido valor. Amizade é uma coisa, negócio é otra totalmente deferente!

Um abraço apertado do teu velho amigo

Culéco

Anônimo disse...

Pois é... compadre!!!!
Abraços pra todos.
E pensar que tô indo pra Pelotas enfrentar "essas friage"!!!!

Tabá disse...

Meus queridos amigos Blá-Blá-Blá Boa Palestra e Culéco:

Foi com imensa sastisfação que recebi as carta de vocês. Lamento pelas emorroide do Blá e pela histeria da mulhé do Culéco. Isso é o que dá pegá vagabunda de zona.

Tenho muita saudade dos tempo que a gente ia dar golpe no Taperinha e comer pitsa de graça. Quem inventou o golpe foi o Anão Zezinho, maroto como sempre.

Nunca mais tive notícia da turma do sossego: Gordinho Soçaite, Ubidã, Zé da Viúva, Chicorelha, Carlitinhos Olha-a-Tranca, Zinho e os outros que ficavam na esquina do Capistrani para levar água na bunda por baixo da porta. Outro dia passei pelo Nego Brama e pelo Feijão Azedo, mas fiz que não vi.

Mas agora já vou ino porque oje tem mondongo e depois um café aiti - tá fazeno na cosinha tá cherano aqui.

ô Culéco! Tu ainda fuma cigarro mentolado? Bah tiê isso é coisa de fresco! E quanto aos pila que to te deveno, fica pelo gibi do Antar que tu nunca me devolveu. Conheceu, papudo!?

E para a Comadre Sandra aviso: tá mesmo uma friage de rengueá cusco. Vem com agasalho pra não pegar frio nas urina.

Candy Devilla disse...

Amigo Zé...

Em premero lugar, eu continuo fumando cigarro mentolado sim! E não sô fresco como era, ou ainda é , o Gordinho Soçaite. E cá entre nóis, tu tinhas alguma coisa com ele naquela época. Eu sei que é defícel adimitir esse defeito, mas quem é que não fez coisa no estilo que nos dexa morrendo de vergonha quando nóis fica alembrando? Tá certo que eu sô homi maxo e nunca fiz essas semvergonhice!

Outra, o gibi do Antar não ficou comigo não! Ficou com aquele guri de cabelo vermelho e que tinha uma perna mais curta que a otra, não alembro o nome do desgraçado! Eu nem gostava do Antar. Mas dexe assim cumpadre, dexe. Os pila tão fazendo falta, mas eu prefiro manter nossa velha amizade, não quero um derramamento de sangre por coisa tão besta!

Também sinto saudade de quando a gente comia pitsa de graça... Ainda alembro do dia que comemo que nem uns porco e vomitemo até nao pode mais lá atras da casa da dona Julieta, aquela dos pé de araçá.

Bem seu Zé, vo me encurtando por aqui que a muié já tá reclamando lá da cosinha. Fiquei de limpá uns pexe pro almoço de amanhã.

Abraços

Culéco